Parabéns a todos que se desafiaram a solucionar o Giant Puzzle #13! Admiramos imensamente aqueles que se arriscam a pensar fora da caixa e a encontrar soluções criativas para problemas complexos.
Conseguiram resolver esse puzzle:
- Andre Costa
- Gustavo Aldama Mourão Soares Pereira
- Igor Dias
- Ivan Petrin
- Leonardo Martos Barbosa
- Lucas De Andrade Santos Duarte
- Lucas Giacone
- Victor Marques Moreno
O problema
Imagine que você está em um salão de um restaurante fechado. Um pássaro entra pela janela e começa a voar aleatoriamente por cima das mesas. Você quer saber qual a probabilidade de sua mesa ser “premiada”.
Vamos modelar o problema da seguinte maneira. Imagine que o restaurante tem n mesas enfileiradas em linha reta e que a janela pela qual o pássaro entrou está na mesa 1. Considere que, após o pássaro entrar, as janelas e portas estão todas fechadas.
Considere que o pássaro se move em intervalos de 1 segundo e que, no instante t, ele tem 50% de probabilidade de ficar onde está e 50% de se mover para uma mesa vizinha. Por exemplo, se ele está sobrevoando a mesa 3, ele tem 50% de probabilidade de ficar na mesa 3, 25% de ir para a mesa 4 e 25% de ir para a mesa 2. No caso de ele estar sobrevoando a mesa n ou a mesa 1, ele tem 50% de probabilidade de ficar na mesma mesa e 50% de probabilidade de ir para a única mesa vizinha.
(a) Suponha que o restaurante tem 5 mesas (n=5). Supondo que uma mesa foi “premiada” após exatamente 10 segundos, qual é a probabilidade de ter sido a mesa de número 5?
(b) Defina p(t, k) como: “supondo que uma mesa foi “premiada” após exatamente t segundos, qual a probabilidade de ter sido a mesa k.” Qual o menor valor de t tal que p(t, 5) está entre 12% e 13%?
Solução
Considere um vetor em que a entrada é , a probabilidade de se estar em no instante . Pode-se definir uma matriz de transição para a dinâmica do problema, em que a entrada é a probabilidade de irmos da casa para a em um passo: De modo que podemos resolver recursivamente:
Para , temos
Calculando em um computador, obtemos: Portanto, a resposta do item a) é
Para o item b), calculamos para
O primeiro valor de para o qual está entre e é .
Por que a probabilidade de acabarmos nas pontas aparenta convergir para metade da probabilidade de acabarmos no meio quando ?
Para , por exemplo, o vetor de probabilidades fica Entenderemos melhor a dinâmica do problema se nos livrarmos da assimetria nas pontas: ao invés de considerar que as mesas 1 e n só tem um vizinho, estenda o salão infinitamente de modo que todos tenham dois vizinhos: Isto é, cada mesa terá infinitas “cópias virtuais", de modo que, por exemplo, quando o pássaro vai da mesa 1 para a mesa 2 do restaurante, no salão estendido ele tem a opção de ir para a mesa 2 ou para a 2 virtual. Assim, podemos considerar que o pássaro sempre vai para esquerda, direita ou fica parado com probabilidades de 25%, 25% e 50%, respectivamente.
Mais formalmente, associamos cada mesa do restaurante a um subconjunto dos inteiros, de modo que quando o pássaro estiver sobre a mesa , o pássaro virtual estará sobre algum dos inteiros associados à mesa . O diagrama abaixo ilustra parte do salão estendido para : o eixo apresenta a mesa no salão normal e o eixo , os inteiros associados no salão estendido.
Agora fica evidente o por quê da probabilidade do pássaro estar nas pontas converge para metade da probabilidade de estar em uma mesa do meio: cada período da associação tem apenas 1 inteiro associado às mesas 1 e , mas dois inteiros associados às mesas do meio (visualmente, um na “subida" e outro na “descida").
Na verdade, o salão virtual nos dá muito mais que mera intuição sobre a dinâmica do problema. Com a devida diligência, podemos calcular explicitamente para qualquer par .
Para tanto, vamos introduzir a função geratriz do movimento do pássaro: Essa série nos é útil pois o coeficiente do termo em sua expansão é exatamente , a probabilidade do pássaro acabar sobre a mesa virtual após segundos: Portanto, para acharmos , basta somar os coeficientes de todos os inteiros associados à mesa k: Vamos explorar um pouco melhor :
No caso particular de e , os inteiros associados à mesa 5 são os inteiros da forma (Verifique você mesmo!). Portanto: Mas como achamos a soma de um subconjunto dos coeficientes de uma série?
A soma do conjunto de todos os coeficientes é fácil: Para o nosso subconjunto, podemos usar uma ideia parecida: substituir valores de x em para ficarmos só com coeficientes, mas de forma que os coeficientes que não são da forma “sumam". Podemos fazer isso se olharmos para uma série ligeiramente diferente, , e utilizarmos a oitava raiz primitiva da unidade .
O poder de reside no fato de que Logo, pois os únicos termos de que “sobrevivem" são aqueles que multiplicam potências de x múltiplas de 8, isto é, exatemente os . Vamos às contas: Para , foquemos no numerador : Portanto, A fórmula geral para qualquer da forma fica